O Valor do sofrimento                                                                     

08 OUT 2013
08 de Outubro de 2013
Apesar de conviver com uma cultura que proclama, “nos telhados” e nas antenas da comunicação, a vida como espaço de gozo e de felicidade a todo custo, desconectada da dimensão sobrenatural do sofrimento, todas as pessoas experimentam esse condicionamento fatal na sua existência. Assim temos sofrimentos naturais e outros provocados por atitudes diversas e até com irresponsabilidade.

O sentido da palavra “prosperidade”, muito referida nos últimos tempos, parece ser a tentativa de confronto e de superação dos momentos de sofrimento. Não existe fácil explicação sobre ele. Jesus apenas assume-o, livremente, quando é levado para o suplício da cruz. Na visão de Jó, Deus está presente onde o ser humano sofre. Diz ele que os justos são recompensados e os ímpios, castigados.

Existe um caráter pedagógico do sofrimento. Jó era justo e passou por terríveis sofrimentos. O mesmo aconteceu com o Mestre Jesus. Portanto, sofrer não significa pagar por erros praticados, mas é oportunidade de grandeza nas dimensões humana e divina. É fruto do condicionamento humano e da permissão da vontade de Deus. Mesmo no sofrimento, Jó se coloca nas mãos do Senhor.

O sofrimento aproxima a pessoa da própria identidade, e pode dar-lhe a dimensão de sua prática de vida. Muitos sofrimentos transformam a vida das pessoas e até as despertam para uma esperança mais viva e comprometida com o bem da vida. Muitos dos curados por Jesus passaram a servi-Lo nos afazeres do Reino.

Para o apóstolo Paulo, tudo é permitido na vida, mas nem tudo deve ser feito, porque uma liberdade usada sem critérios pode ocasionar como consequência, o sofrimento. Jesus assume, sem limites, o sofrimento do povo. Então, sofrimento ou doença não é castigo, mas manifestação do amor de Deus.

Nenhuma ciência da saúde, por mais técnica e evoluída que seja não consegue eliminar o sofrimento. A raiz não está aí, mas pode ser aumentado pelo egoísmo humano. Não podemos enganar as pessoas com falsas promessas de prosperidade, que podem até criar um complexo de culpa achando que são provocadoras de sofrimento.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
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